Para países em desenvolvimento, como o Brasil, a questão do acesso ao que é publicado nas melhores revistas, mesmo quando o autor é brasileiro e membro de uma universidade local, é especialmente difícil e perversa. Aqui, como na maioria daqueles países, é o Estado que financia a educação dos novos cientistas, desde seu início até a obtenção dos graus mais altos, seja em instituição nacional ou estrangeira. Uma vez formado e já pesquisando, normalmente em uma universidade também mantida pelo Estado, sua pesquisa é frequentemente financiada pelas agências de fomento federais ou estaduais, vale dizer, de novo, dinheiro público. Terminada a pesquisa, sua divulgação em reuniões e congressos será de novo financiada pelo Estado. Finalmente, a publicação em revista indexada poderá também receber auxílios dos cofres públicos, pois em algumas áreas as editoras cobram dos autores por página publicada. Ao publicar em uma revista, é hábito o autor ceder às editoras o direito autoral sobre o artigo. Uma vez publicada, entra em cena de novo o Estado, financiando as bibliotecas para sua compra. (Mueller, 2006).
Para mudar essa situação, os esforços do Brasil com relação aos Repositórios não foram poucos.
O IBICT/ Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia que coordena, no Brasil, as atividades de informação em C&T , em 2005 publicava o Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica , em que formalizava a adesão ao AA.
Em 2016, lançava o Manifesto de Acesso Aberto a Dados da Pesquisa Brasileira para Ciência Cidadã , que “dá continuidade e amplia a sua política de apoio ao acesso aberto/livre à informação científica no Brasil”.
A atuação do IBICT redundou em iniciativas como as seguintes:
- Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Brasil – BDTD (que é parte do OASISBR);
- Portal Brasileiro de Acesso Aberto à Informação Científica – OASISBR;
- Repositório Comum do Brasil – DEPOSITA;
- Diretório de Políticas de Acesso Aberto dos Periódicos Científicos Brasileiros – Diadorim;
- Sistema Eletrônico de Publicação de Revistas – SEER / OJS
Incluiu ainda o Brasil em La Referencia/ Rede Federada de Repositórios Institucionais de Publicações Científicas e disponibiliza a lista de Repositórios Brasileiros
Recentemente, em 2015, a UFRJ aprovava a criação de seu Repositório Institucional, o Pantheon, para o acesso aberto a teses e dissertações da UFRJ, artigos científicos, livros eletrônicos, capítulos de livros e trabalhos apresentados em eventos por professores, pesquisadores, funcionários administrativos e alunos de mestrado e doutorado, mas também a monografias de fim de curso.
Referências
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. 2006. A comunicação científica e o movimento
de acesso livre ao conhecimento. Ciência da Informação, 35 (2): 27-38, maio/ago.
2006. http://www.scielo.br/pdf/ci/v35n2/a04v35n2.pdf
Atualizado em 21Set2018
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6 comentários sobre “Se não é o leitor, quem paga? Parte 2: o acesso aberto verde no Brasil”